PAULOFREIRE
Biografia


Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, em Recife, no bairro Casa Amarela. Sua família era de classe média e foi alfabetizado por sua mãe. Aprendeu a ler e escrever a partir das palavras que faziam parte do seu cotidiano, da sua infância, fato que influenciaria seu trabalho futuramente. Aos 6 anos de idade (já alfabetizado) ingressou no primeiro ano primário em uma escola particular.
Com a crise de 1929, sua família se mudou para Jaboatão e em 1934, aos 13 anos, seu pai faleceu. Sua mãe teve que criar os filhos sozinha, tendo dificuldades econômicas. Isso fez com que seus estudos fossem adiados, e assim iniciou o primeiro ano do ginásio apenas aos 16 anos, quando conseguiu um bolsa para estudar em uma escola particular, sendo mais velho que seus colegas de classe. Freire viveu a juventude em contato e amizade com crianças de classes sociais mais populares e afirma que isso o ajudou a entender a linguagem popular e seu valor: "A experiência com eles, foi me fazendo habituar com uma forma diferente de pensar e de me expressar, que era exatamente a sintaxe popular, a linguagem popular, a cuja compreeensão mais rigorosa me dedico hoje como educador popular." (GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo, Scipione, 1989. P. 23)
Concluiu os estudos primários aos 22 anos e ingressou no curso de direito da Faculdade de Direito do Recife.
Durante a faculdade, conheceu Elza Maia Costa Oliveira, professora primária, com quem se casou em 1944, e teve 5 filhos – Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgardes.
Também durante a faculdade, foi contratado pelo Colégio Oswaldo Cruz (o que havia lhe dado bolsa de estudo no ginásio) como professor de português.
Em 1947, assumiu o cargo de Diretor do Setor de Educação do SESI de Recife (Serviço Social da Indústria) tendo contato com a educação de adultos/trabalhadores e foi quando entendeu a importância e decidiu dedicar-se à alfabetização. Isso deve-se ao fato de que lá Freire aprendeu a dialogar com a classe trabalhadora, a compreender sua forma de ver o mundo, através da sua linguagem. Ele percebeu que, estudando a linguagem do povo, ele conseguia uma evolução da sua pedagogia, pois criava um maior vínculo entre a sua realidade e a realidade dos trabalhadores. Logo abandonou a advocacia, se dedicando totalmente à educação. Paulo Freire foi um dos fundadores do Serviço de Extensão Cultural da Universidade de Recife e seu primeiro diretor. A partir dessa experiência, elaborou os primeiros esudos de uma nova forma de alfabetizar adultos, que expôs em 1958, no Seminário Regional Preparatório, realizado em Pernambuco.Teve sua primeira experiência como professor universitário lecionando Filosofia da Educação na Escola de Serviço Social e fez doutorado em Filosofia e História da Educação em 1959, com sua tese ”Educação e Atualidade Brasileira”. Nessa tese já se encontra o início da sua teoria e prática educacionais, embora ele próprio admita ter cometido algumas ingenuidades na tese.
Durante a década de 60 participou de diversos projetos sociais relacionados a alfabetização com destaque para a Campanha de Alfabetização de Angicos, que com sucesso proporcionou a alfabetização de 300 trabalhadores rurais em 45 dias. Ao final da década já era coordenador do Programa Nacional de Alfabetização, do Governo João Goulart. Nessa época, Freire já fazia uma proposta de uma criação de associações de pais, de alunos, conselhos escolares, etc, com finalidades educativas, associando a formação da cosnciência crítica à organização escolar. Em 1964, estava prevista a instalação de 20 mil círculos de cultura para 2 milhões de analfabetos. O golpe militar, entretanto, acabou com o Programa Nacional de Alfabetização e Paulo Freire foi preso. A Embaixada da Bolívia foi a única que o aceitou como refugiado político, e em setembro de 1964, aos 43 anos de idade, Paulo Freire partiu para o exílio. No mesmo ano, a Bolívia também teve o golpe militar e Paulo Freire foi para o Chile, onde viveu por quase cinco anos, e foi quando escreveu obras de grande importância para seu trabalho, sendo um momento fundamental para a consolidação da sua pedagogia. Em 1969 foi convidado para lecionar em Havard e para assumir a cadeira de conselheiro Conselho Educacional do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra. Mudou-se para então para os EUA, onde viveu por 10 anos e foi quando escreveu 3 de suas grandes obras: Ação Cultural para a Liberdade, Educação como prática da Liberdade e Pedagogia do Oprimido. Foi nesse período que Freire se envolveu com a causa da educação no Terceiro Mundo e participou de projetos em diversos países subdesenvolvidos a convite de governantes, passando por países da África, América e Ásia. “Para mim, o exílio foi profundamente pedagógico. Quando, exilado, tomei distância do Brasil, comecei a compreender-me e a compreendê-lo melhor." (Trecho de uma conversa com Frei Betto, extraída do livro Essa escola chamada vida. p. 56-58)
Retornou definitivamente para o Brasil em 1980 e no mesmo ano lecionou na Faculdade de Educação da Unicamp, em Campinas, e entre outras coisas, Paulo Freire participou da fundação do Vereda – Centro de Estudos em Educação, cujo objetivo era desenvolver pesquisas, prestar assessoria e atuar na formação de professores dedicados à prática da educação popular, e foi quando Paulo Freire iniciou seu envolvimento na luta da classe dos professores. Desses movimentos, surgiu seu envolvimento político e sua identificação com o socialismo como forma de combate ao autoritarismo. Participou da fundação do Partido dos Trabalhadores – PT , e em janeiro de 1989 Paulo Freire assume o cargo de Secretário de Educação da cidade de São Paulo, no governo de Luiza Erundina. "Suas decisões políticas, nascidas da sua própria teoria e de suas práticas de educador pelo mundo, como também nascidas da práxis educativa das pessoas da equipe técnica que o assessorou, as quais traduziam a vontade e a necessidade das comunidades, marcaram, indelevelmente, a educação da rede de ensino do município de São Paulo." (Ana Maria Araújo Freire, em trecho do livro Paulo Freire - Uma bibliografia, p.47). Em parceria com os movimentos populares, criou o MOVA-SP (Movimento de Alfabetização da Cidade de São Paulo), destinado a jovens e adultos.
Em 1991 afastou-se do cargo de secretário e foi professor convidado da USP, para desenvolver um trabalho amplo, proferindo palestras nas Faculdades, gravando vídeos e discutindo projetos novos e pioneiros da Universidade. Foram nos seus últimos anos em vida que também se dedicou a escrever alguns artigos e livros, como Pedagogia da Esperança, Cartas a Cristina: reflexões sobre a minha vida e minha práxis, Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar, Política e educação, À sombra desta mangueira, Pedagogia da Autonomia. Em 1991, partindo de uma inciativa do próprio Freire, com a ajuda de Moacir Gadotti, seu aluno e amigo, funda-se o Instituto Paulo Freire, com o intuito de estender e guardar as ideias de Freire. Em 2 de maio de 1997, em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias, Paulo Freire morre de enfarte.

